quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Cartas a um jovem cientista


A tarefa da educação científica que desempenho lecionando a disciplina de Metodologia Científica é um grande desafio que exerço com a convicção de que formar cientistas é uma tarefa nobre no campo do ensino, sobretudo no nível universitário, no qual a prática de pesquisa é considerada fundamental.

Uma de minhas convicções nesta área é a de que não há "um perfil" de cientista, mas apenas estereótipos que foram criados que acabam muitas vezes influenciando negativamente no surgimento de novos cientistas. Em relação a isto, acho bem legal uma das reflexões apresentada por Marcelo Gleiser, no livro "Cartas a um jovem cientista" (Rio de Janeiro: Elsevier, 2007).

"Sem dúvida, a aptdião existe e certas pessoas têm mesmo mais talento em certas áreas. No entanto, é importante ter em mente que aptidão ajuda, mas não é nem necessária nem suficiente para garantir o sucesso numa profissão. Ter só aptidão não adianta: é necessário muito esforço e dedicação para transformá-la em sucesso e realização profissional. Isso é tanto verdade para as pessoas normais quanto para os ditos "gênios". A diferença, talvez, seja a quantidade de esforço requerida. É como se os gênios tivessem um barco a motor para atravessar um rio e os normais, um barco a remo. Claro, é mais fácil para os gênios. Mas eles precisam saber pilotar o barco e ter gasolina suficiente para chegar do outro lado. Os remadores têm de trabalhar mais duro, mas também podem chegar lá. O importante é querer atravessar o rio, ter determinação para isso, mesmo que os braços doam, a sede aperte e você veja outros barcos adiante, deixando você para trás." (p.17)

Em tempo, o livro inteiro é uma excelente dica de leitura, pois apresenta de modo bem simples que a tarefa científica é algo do campo das escolhas. A partir dos relatos de vida do próprio Marcelo Gleiser, a obra é um excelente incentivo para o despertar de novos cientistas.