segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Eleições não se ganham pelo retrovisor

A frase é o corolário do texto escrito por Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do Brasil (1995-2002), defendendo-se das declarações depreciativas sobre a sua gestão que o governo atual vem fazendo, o que antecipa o recorrente tom do debate eleitoral que deve acontecer em breve com vistas à sucessão presidencial: muito palavrão e pouca imaginação.

Fato é que esta é mais uma discussão acaciana, pois em ambos os períodos presidenciais manteve-se o mesmo modelo de governo, preocupado com a estabilidade monetária, controle da inflação e política de juros... Portanto, o indisfarçável interesse neste debate não é o que foi ou será feito, é a aquisição (manutenção) e exercício do PODER.

Já ficou explícito que a estratégia de Lula e dos petistas é a maquiavélica, ou seja, para a manutenção do poder e interesses do Estado, vale o recurso aos mais variados meios, sejam eles bravatas, mentiras, fisiologismo, etc. Por ser tática comum do manual político, não é um devaneio admitir que o mesmo seria adotado por qualquer outra pessoa ou legenda que estivesse no comando.

A justificativa da necessidade de mudança de governo é a contenção do risco de absolutização do poder, em voga por aí, como na recente afirmação de Hugo Chavez a respeito da comemoração dos 11 anos da revolução bolivariana na Venezuela: “Dentro de 11 anos eu terei 66, se Deus quiser, e terei 22 de presidente, se Deus quiser... e os outros 11 que vem, não quero pensar porque já seriam 77...” (!?!?!). Ou seja, enquanto estiver vivo, Chavez pretende ser o Rei da Venezuela, se Deus quiser, bem no estilo do que defendia Jacques-Bénigne Bossuet ao falar do direito divino dos reis em sua “Política Segundo a Sagrada Escritura”. Entretanto, neste casos, além de prática reprovada na história, impõe-se a ela o princípio de Eça de Queiroz: políticos como as fraldas em bebês, precisam sempre ser trocados e a razão é óbvia.

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