quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Conferência Mundial sobre Ciência


Realizada em 1999, pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) na Hungria, resultou na Declaração de Budapeste, um documento formidável sobre a importância e o papel da ciência no desenvolvimento da humanidade.

Como professor de Metodologia Científica, gosto do documento particularmente no que se refere à necessidade de fomento a um processo de inculturação científica mundial, ou seja, possibilitar que todas as pessoas tenham acesso à educação científica. Nos Estado Unidos, isto já está sendo implementado desde 1985 pela American Association for the Advancement of Science (AAAS), chamado de “Projeto 2061: ciência para todos os americanos”, ano no qual espera-se que toda população norte-americana esteja familiarizada com Ciência, Matemática e Tecnologia.

Aqui no Brasil, além do papel de formação científica realizada pela educação básica, defendo a idéia de que é no Ensino Superior que esta tarefa tem espaço privilegiado, na disciplina de Metodologia Científica que é comum a todos os cursos de ensino superior, nas diferentes áreas.

Entretanto, esta disciplina não é das mais interessantes e visadas pela comunidade educativa, sejam instituições, professores ou alunos. Em nosso país, a tradição universitária caracterizou-se pela formação de mão de obra, daí a ênfase no ensino ao invés da pesquisa. I nclinação esta bem distinta da Europa, berço da instituição universitária, na qual a tarefa universitária continua sendo a formação do gentleman, ou seja do cidadão erudito; diferente também da América do Norte, onde cabe a universidade a formação do cientista.

Neste cenário, o livro “Ensino de Ciëncias e desenvolvimento: o que pensam os cientistas” (2009), publicação da UNESCO e do Instituto Sangari é uma excelente referência no diagnóstico científico nacional e no esclarecimento de que o amadurecimento científico brasileiro depende de decisões políticas educacionais, reformas pedagógicas e mudança da mentalidade da sociedade civil. Quanto a esta última, parece soar como piada aos alunos da disciplina de Metodologia Científica em cursos de Administração, Economia e Ciências Contábeis a afirmação de que esta disciplina visa à formação de cientistas.

Neste sentido, é cirúrgica a observação do cientista Iván Izquierdo no livro: “Persiste, no Brasil, uma crença generalizada de que ‘ciência é coisa do primeiro mundo’; ou, pelo menos, alheia ao país. Ignora-se, ou não é levada a sério, a Ciência feita no Brasil.” (p.144).

Lamentável, desafiador...

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